No ano passado escrevi sobre um programa que está mudando o mundo, principalmente o das pesquisas de saúde e alimentação. O World Community Grid, criado pela IBM em 2004, é um software que utiliza o tempo ocioso dos computadores para acelerar o desenvolvimento de pesquisas científicas. Na última semana tive a oportunidade de bater um papo com a Ruth e o Plínio, profissionais que trabalham com cidadania corporativa na empresa, para conhecer melhor outras ações da IBM.
Durante a conversa, eles falaram de diversos programas que estão no guarda-chuva da cidadania corporativa (meio ambiente, relacionamento com stakeholders, responsabilidade social, governança e parcerias educacionais), mas um me chamou a atenção pela forma como é tratado na IBM: o voluntariado corporativo. Nunca escondi o quanto à questão da filantropia me incomoda. Acredito, sim, que seja nossa obrigação, pessoas muito privilegiadas do ponto de vista econômico e cultural, fazer algo a quem realmente precisa. Mas não é remediando os problemas que vamos ajudar, é resolvendo-os.
Pois bem, o voluntariado da IBM vai de encontro a tudo que acredito e tira das ações filantrópicas o estigma de dar o peixe ao invés de ensinar a pescar, ou, melhor ainda, de ensinar (e ajudar) a conservar o rio para que este sempre tenha peixe. No On Demand Community, a empresa apoia a instituição após o funcionário reportar 40 horas de trabalho voluntário em cinco meses. Instigados pelo desafio de como a tecnologia pode ajudar a sociedade, os IBMistas agem no sentido de auxiliar as organizações a alcançarem a autossustentabilidade.
Por parte da IBM, o apoio pode ser em forma de doação em dinheiro ou em equipamentos. E para quem é de fora, a pergunta é inevitável: e se todos os funcionários resolverem participar do ODC, a IBM banca ou há limite de budget? Pasmem, a IBM paga. Detalhe: o programa é mundial e extensivo a funcionários aposentados.
A segunda ação, e que eu estou completamente apaixonada, é o Corporate Service Corps. No CSC, funcionários do mundo inteiro se candidatam a atuar em projetos que envolvam crescimento econômico e tecnologia da informação em países em desenvolvimento. Com esta ação, o objetivo da IBM é ajudar seus funcionários a aperfeiçoarem seus conhecimentos, permitindo que se tornem líderes globais, cidadãos ativos e profissionais integrados.
O programa tem duração total de seis meses, sendo que durante três meses o voluntário realiza um pre-work ainda em seu país de origem. Depois disso ele passa um mês trabalhando em campo e no seu retorno fica por cerca de dois meses realizando o fechamento da atividade.
Criado em 2008, CSC já selecionou alguns brasileiros que foram para o Vietnã, Gana, Filipinas, Romênia etc. Além disso, em 2009, o projeto recebeu 60 funcionários do mundo todo, que atenderam 12 instituições de Campinas e São Paulo. Para este ano, ONGs do Rio e de BH vão receber voluntários, que em uma torre de babel, terão pouquíssimo tempo e vontade de sobra para vivenciarem uma nova cultura e, cada um da sua forma, ajudar a mudar o mundo.