segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Mais do que lucro e reputação, a importância do McDia Feliz
5 comentários:
- Julianna Antunes disse...
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Mais do que lucro e reputação, a importância do McDia Feliz foi escrito e postado no dia 30/08/2010
- 30 de agosto de 2010 às 17:09
- Repege disse...
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Tenho a impressão, Julianna, de que nos pontos essenciais estamos de acordo. Conheço o trabalho do Instituto Ronald McDonald e mais ainda de uma das beneficiários, o GRAAC. Sei que são gente muito séria e que tem alcançado resultados belíssimos em favor das crianças com câncer. Tenho também certeza de que a grande maioria das pessoas envolvidas na viabilização do McDia Feliz, incluindo voluntários, fornecedores, analistas, gerentes, diretoria etc. o fazem imbuídas da mais profunda vontade de dar sua parte para ajudar o próximo. Os recursos levantados, o grau de engajamento dos participantes e os benefícios que chegam aos beneficiários finais são todos elementos virtuosos do McDia Feliz, ou de ações semelhantes.
Ao mesmo tempo, acredito piamente que a empresa tem todo o direito de também se beneficiar deste esforço. O eixo econômico da sustentabilidade é, para mim, absolutamente vital para garantir que os outros dois (o social e o ambiental) sejam viáveis e duradouros. Aliás, pela minha experiência de vida, de ter trabalhado muitos anos no Terceiro Setor, e de agora estar mais próximo do coração das empresas, com meu trabalho de consultoria, me faz entender de forma cristalina que não existe, nem existirá, empresas 100% sustentáveis ou insustentáveis. Estamos lidando com um processo permanente no qual algumas estão mais adiantadas do que outras e a beleza está justamente na superação, na internalização e implantação de novas ideias e conceitos.
Com respeito ao McDonald´s acho, sim que a acão da empresa é meritória e inteligente do ponto de vista do marketing, mas que ela pode, e deve, fazer mais. Não apenas ela, como toda e qualquer empresa, organização, governo ou indivíduo. E não me furto a questionar isso e de colocar este ponto sobre a mesa.
No caso do McDonald´s não estou 100% certo, porque não conheço os números, mas estou bastante convencido de que o ROI desta ação iguala, ou supera, o investimento feito tanto em marketing como ao “abrir mão” dos recursos gerados pela venda dos BigMacs. Isto tanto do ponto de vista do tangível, com a venda de outros produtos neste dia, como do intangível, em termos de reputação e exposição gratuita da imagem associada a uma causa tão meritória.
Isto desmerece a acão? Claro que não, e espero não ter dado a entender isso. Mas para mim a torna menor. No sentido de que no final das contas os recursos não saem mesmo do bolso da empresa, mas sim dos consumidores, diretamente, e dos voluntários envolvidos. Por isso propus dois pontos: (1) que os cálculos de ROI sejam transparentados e comparados com doação real gerada para o Instituto, (2) que além de tudo o que já faz, a empresa ponha do próprio bolso R$1,00 para cada R$ 1,00 gasto pelo consumidor (o que geraria um volume de recursos 100% maior para o Instituto Ronald McDonald, e (3) que a campanha seja desvinculada da obrigatoriedade da compra de um produto específico.
Tenho absoluta consciência de que são propostas que beiram a utopia e são facilmente qualificáveis como “naïve”, mas não tenho medo de falar na certeza de que sempre se pode fazer mais.
Um abraço!
Renato
PS: Perdoe-me o tamanho do comentário, é que este é um tema muito interessante e que merece muita conversa. - 1 de setembro de 2010 às 17:40
- Repege disse...
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Tenho a impressão, Julianna, de que nos pontos essenciais estamos de acordo. Conheço o trabalho do Instituto Ronald McDonald e mais ainda de uma das beneficiários, o GRAAC. Sei que são gente muito séria e que tem alcançado resultados belíssimos em favor das crianças com câncer. Tenho também certeza de que a grande maioria das pessoas envolvidas na viabilização do McDia Feliz, incluindo voluntários, fornecedores, analistas, gerentes, diretoria etc. o fazem imbuídas da mais profunda vontade de dar sua parte para ajudar o próximo. Os recursos levantados, o grau de engajamento dos participantes e os benefícios que chegam aos beneficiários finais são todos elementos virtuosos do McDia Feliz, ou de ações semelhantes.
Ao mesmo tempo, acredito piamente que a empresa tem todo o direito de também se beneficiar deste esforço. O eixo econômico da sustentabilidade é, para mim, absolutamente vital para garantir que os outros dois (o social e o ambiental) sejam viáveis e duradouros. Aliás, pela minha experiência de vida, de ter trabalhado muitos anos no Terceiro Setor, e de agora estar mais próximo do coração das empresas, com meu trabalho de consultoria, me faz entender de forma cristalina que não existe, nem existirá, empresas 100% sustentáveis ou insustentáveis. Estamos lidando com um processo permanente no qual algumas estão mais adiantadas do que outras e a beleza está justamente na superação, na internalização e implantação de novas ideias e conceitos.
Com respeito ao McDonald´s acho, sim que a acão da empresa é meritória e inteligente do ponto de vista do marketing, mas que ela pode, e deve, fazer mais. Não apenas ela, como toda e qualquer empresa, organização, governo ou indivíduo. E não me furto a questionar isso e de colocar este ponto sobre a mesa.
No caso do McDonald´s não estou 100% certo, porque não conheço os números, mas estou bastante convencido de que o ROI desta ação iguala, ou supera, o investimento feito tanto em marketing como ao “abrir mão” dos recursos gerados pela venda dos BigMacs. Isto tanto do ponto de vista do tangível, com a venda de outros produtos neste dia, como do intangível, em termos de reputação e exposição gratuita da imagem associada a uma causa tão meritória.
Isto desmerece a acão? Claro que não, e espero não ter dado a entender isso. Mas para mim a torna menor. No sentido de que no final das contas os recursos não saem mesmo do bolso da empresa, mas sim dos consumidores, diretamente, e dos voluntários envolvidos. Por isso propus dois pontos: (1) que os cálculos de ROI sejam transparentados e comparados com doação real gerada para o Instituto, (2) que além de tudo o que já faz, a empresa ponha do próprio bolso R$1,00 para cada R$ 1,00 gasto pelo consumidor (o que geraria um volume de recursos 100% maior para o Instituto Ronald McDonald, e (3) que a campanha seja desvinculada da obrigatoriedade da compra de um produto específico.
Tenho absoluta consciência de que são propostas que beiram a utopia e são facilmente qualificáveis como “naïve”, mas não tenho medo de falar na certeza de que sempre se pode fazer mais.
Um abraço!
Renato
PS: Perdoe-me o tamanho do comentário, é que este é um tema muito interessante e que merece muita conversa. - 1 de setembro de 2010 às 17:41
- Julianna Antunes disse...
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Renato, entendo o seu ponto de vista, mas também entendo que seja um ponto de vista de quem está muito ligado ao terceiro setor. O McDonald's não tem obrigação nenhuma de fazer uma ação desse tipo. Não é papel do segundo setor resolver problemas que são de obrigação do governo. E mesmo não tendo essa obrigação, o dinheiro arrecadado com o McDia Feliz é a maior ação de captação voltada para saúde infantil do país. Não sou nenhum pouco fã de filantropia porque estou muito mais para a conservação do rio para sempre ter o peixe do que dar o peixe propriamente dito, mas não me incomoda a promoção e o lucro que o McDonald's tem com o evento. Ele cumpre o que se propõe a fazer. Me incomodaria, sim, se ele usasse a plataforma de sustentabilidade para se promover e lucrar com isso sem ser. O que não é o caso, porque aqui estamos falando pura e simplesmente de filantropia.
- 1 de setembro de 2010 às 23:57
- Lion Ki: disse...
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Excelente o texto! Concordo com cada palavra, exceto com relação a "dar o peixe". Acredito que ações como McDia Feliz são sim ensinar a pescar. Pedir dinheiro pura e simplesmente eu entendo como dar o peixe, mas criar uma campanha como essa, que capta milhões sem onerar a renda familiar dos consumidores e ainda gerar lucro para a empresa envolvida, trata-se de um grande exemplo de Empreendedorismo Social, que consegue gerar lucro e ainda levar retorno à sociedade. Fantástico!
- 13 de agosto de 2014 às 12:02