Todos que leem o blog com regularidade estão carecas de saber que o pontapé para o desenvolvimento sustentável foi a Comissão formada pela ONU na década de 80 que acabou por originar o Relatório de Brundtland. Mas muito pouco se fala sobre um evento fundamental que ocorreu alguns anos depois e sua importância para a sustentabilidade corporativa: a ECO-92.
O evento, que na verdade se chamou Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi realizado de 03 a 14 de junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, vinte anos após a primeira iniciativa do tipo, a Conferência de Estocolmo, e reuniu mais de 170 delegações nacionais.
Em um tom conciliatório, estabeleceu-se durante a ECO-92 a responsabilidade dos países desenvolvidos pelas questões mundiais atreladas ao meio ambiente. Esse argumento acabou servindo de base para a elaboração do conteúdo do Protocolo de Kyoto e fazia todo o sentido num mundo recém-saído da guerra fria.
Um dos pontos mais importantes da ECO-92 e que, infelizmente, não foi posto em prática, é que no encontro reconheceu-se a necessidade do apoio financeiro e tecnológico a países em desenvolvimento para que estes avançassem em direção ao desenvolvimento sustentável. Com a explosão industrial e de consumo desses países, vemos o quão diferente poderia ter sido caso essa medida fosse cumprida.
Com a ECO-92 foram elaborados diversos documentos que até hoje são referência em sustentabilidade, dentre eles a Carta da Terra e a Agenda 21. A Agenda 21, o principal documento, é um acordo para elaboração de estratégias que propõe um novo padrão de desenvolvimento englobando o tripé da sustentabilidade. Entrando no escopo da sustentabilidade corporativa, esse programa ajudou a estabelecer a forma como as empresas podem cooperar com a solução de problemas socioambientais.
Assinada por 179 países, a Agenda 21 tem foco no planejamento e na qualidade do crescimento dos países, em detrimento da quantidade. As ações da Agenda 21 são pensadas globalmente, mas adaptadas às necessidades nacionais e locais. Assim, a agenda brasileira prioriza programas de inclusão social, sustentabilidade rural e urbana, preservação de recursos naturais e ética política.
Em 97 aconteceu também no Rio a Rio+5, que teve como propósito o balanço dos cinco da Agenda 21, identificando as principais dificuldades de implementação e priorizando um plano de ação para os anos seguintes. Em 2002 foi realizada em Johannesburg a Rio+10, cujo objetivo foi rever as metas da Agenda 21. No entanto, a marca do evento foi o impasse, com a formação de blocos que quiseram defender exclusivamente seus interesses, sob a liderança de, adivinhem?, Estados Unidos, obviamente.