No final do ano passado escrevi um texto genérico para o blog que tratava da sustentabilidade na construção civil. Apesar de ser uma área em que eu não invista tanto tempo em adquirir conhecimento (provavelmente por me interessar mais em sustentabilidade nas empresas do que em produtos), sei perfeitamente a importância deste setor e seu impacto na economia. E em vias de transformar o país, em especial a cidade do Rio de Janeiro, em um canteiro de obras, o tema ganha ainda maior relevância.
Ao longo desse ano e dos seguintes me comprometo a escrever mais especificamente sobre diversos tópicos, como retrofit, materiais sustentáveis, certificações, dentre outros. O post de hoje, inclusive, é sobre uma certificação. No meu não profundo conhecimento da área, sei de três: a LEED, americana, a HQE, francesa, e a AQUA, brasileira (pessoal de civil poderia me dizer se existe mais alguma?) É claro que a ISO 14001 também é aplicável, mas como ela é aplicável a qualquer setor, não vem ao caso agora.
Puxando sardinha para o Made in Brazil, vou explicar pela ótica de uma não engenheira o que vem a ser a certificação AQUA. Há pouco mais de dois anos a Fundação Vanzolini, gerida por professores do departamento de engenharia de produção da USP, lançou o primeiro selo de certificação de construção sustentável que contemplasse as nossas necessidades.
Baseada na HQE, a AQUA, através de auditoria externa, assegura que um empreendimento considere diversos critérios de sustentabilidade. A diferença entre as certificações está fundamentalmente em aspectos culturais que impactam a construção dos dois países, como o uso do ar condicionado, por exemplo. A AQUA é concedida em todas as etapas do processo, que são quatro:
Programa: fase onde o programa de necessidades é elaborado;
Concepção: fase de concepção arquitetônica e técnica, baseada nas informações da fase anterior;
Realização: a construção do empreendimento;
Uso: depois que a obra estiver pronta.
A certificação é fundamentada em um referencial técnico definido por dois padrões: sistema de gestão do empreendimento e qualidade ambiental do edifício. Os critérios de desempenho abordados nesse referencial tratam de 14 categorias divididas em quatro grupos:
Eco-construção: relação do edifício com o seu entorno, escolha de produtos, sistemas e processos construtivos, canteiro de obras com baixo impacto ambiental;
Eco-gestão: energia, água, resíduos, manutenção;
Conforto: conformo higrotérmico, acústica, visual e conformo olfativo;
Saúde: qualidade sanitária dos ambientes, do ar e da água.
Vale ainda dizer que, apesar de seu pouco tempo de existência, a Fundação Vanzolini também já lançou a certificação AQUA para arenas e complexos esportivos multiuso. Seguindo a mesma metodologia utilizada na certificação de edifícios, ela possui uma visão bastante atrelada à questão da acessibilidade e do fluxo de pessoas. E olhando para o futuro dessas instalações pós-eventos, visa menor custo de manutenção e limpeza.