Hoje vou falar de uma norma pouco conhecida no Brasil, mas muito importante: a BS 8901, que trata da gestão da sustentabilidade nos eventos. Ela é uma norma inglesa (BS – British Standard) que surgiu, principalmente, para certificar os jogos olímpicos de Londres em 2012 (a ISO já está preparando uma norma que trata do mesmo assunto – ISO 20121 – e espera lançá-la em dois anos).
A BS 8901 é bem abrangente e é dirigida a qualquer tipo de evento. Ela possui três níveis de aplicabilidade: os “donos” dos eventos, os organizadores de eventos e os fornecedores para eventos. É uma certificação obtida através de auditoria externa, onde organizadores e fornecedores têm seus sistemas de gestão avaliados para o planejamento, a implementação e a revisão das atividades em conformidade com a norma (seguindo, claramente, o ciclo PDCA).
A opção pela certificação da gestão traz duas vantagens imediatas: a primeira é a melhora contínua, já que é a empresa, e não o evento, que recebe a certificação. O outro, é que, justamente por causa disso, o impacto no custo não é considerável, pois não é necessário auditoria para cada evento. E entrando na operação, a única ação extra que um evento sustentável gera é a neutralização de emissões de carbono. As outras etapas do processo são muito mais consequência de uma postura empresarial orientada para a sustentabilidade.
A BS 8901 aborda uma série de diretrizes que as empresas devem adotar, como: aplicação dos 3 R’s (ou 5, dependendo do ponto te vista) na utilização de insumos, gestão de comunicação sustentável (tratando não apenas do conteúdo transparente e honesto, mas também de como comunicar gerando menos consumo de material gráfico, de políticas de distribuição desse material etc), opção por brindes sustentáveis, envolvimento das comunidades locais na preparação do evento...
Ela também cita questões de desenvolvimento local (falando de como o evento pode gerar melhoria para a região), eficiência de recursos naturais em toda cadeia produtiva, práticas de comércio justo, de emprego justo, realização dos eventos em pontos que tenham bom acesso de transporte público ou tenham estrutura para uso de transportes não poluentes, redução de desperdício, minimização de impactos (e mitigação, quando não for possível evitar) etc.
É importante falar que nem toda empresa tem ou terá interesse em obter certificação da BS 8901. E isso não é problema algum, pois se não é o core business ou uma empresa realiza um número baixo de eventos, a certificação não se justifica. No entanto, a adoção desses critérios, conforme eu falei antes, está muito mais atrelado à postura do que custo em si. E não tem nada impedindo que, mesmo sem a certificação, as empresas façam uso de práticas sustentáveis na realização dos seus eventos. Fica a dica para a galera de RH, de comunicação, de marketing e/ou relações públicas das empresas.