Muitas pessoas imaginam uma cadeia produtiva como algo complexo. É claro que se falarmos de logística, supply chain e produção de uma grande indústria, esse processo é extremamente complexo. Mas peguemos um processo menor ou um subprocesso. Comunicação, por exemplo. Aí a gente pensa em como aplicar a sustentabilidade nesse pedacinho da cadeia produtiva.
No caso da comunicação, estamos falando de gestão de conteúdo sustentável, que serve, principalmente, para puxar a orelha do marketing que adora vender ilusões. Falamos de um relacionamento com os stakeholders de forma aberta, franca e acessível (principalmente na hora do perrengue), da utilização de material gráfico reciclado e/ou certificado (isso quando não for possível simplesmente eliminar o uso de papel e outros materiais) e de algumas outras ações.
Pois bem, fiz essa introdução para falar de um projeto super bonito e capitaneado pelo Instituto Viva Melhor, responsável pelo ISE do Grupo de Saúde Bandeirantes. O programa se chama Óleo Aqui e é parte de uma ação ainda maior, o Plano Integrado de Revitalização da Liberdade. O Óleo Aqui tem como objetivo introduzir a coleta seletiva de óleo de cozinha usado em restaurantes, estabelecimentos comerciais, escolas, universidades, casas e condomínios da Liberdade, evitando, assim, que ele vá, literalmente, para o ralo.
Ai vocês se perguntam: que diabos o Hospital tem a ver com a Liberdade e como o óleo de cozinha faz parte da cadeia produtiva dele? Respondendo a primeira pergunta, o hospital fica na Liberdade. Portanto, altamente estratégico que se invista na revitalização do bairro. Segundo, é só pensar um pouco. Ok que comida de hospital nunca foi lá essas coisas, mas é fato que o óleo é usado para cozinhar. Portanto, independente do impacto e do tamanho da cadeia produtiva (no caso, a cadeia produtiva da cozinha), ela tem a ver com a rotina de um hospital.
Então agora falemos do óleo, ou melhor, do Óleo Aqui. O Programa, capitaneado pelo Instituto Viva Melhor, criou um sistema de coleta seletiva de óleo de cozinha usado, dando a ele o destino da produção de biodiesel e a missão de gerar trabalho e renda para a Cooperativa de Catadores da Baixada do Glicério (Cooper Glicério). O grupo é formado por 40 homens e mulheres e o Instituto mobiliza recursos para o desenvolvimento da cooperativa e instalação de pontos de coleta. Todo dinheiro arrecadado com a venda do óleo é revertido para a cooperativa.
O mais legal da iniciativa, é que ela não é isolada, até porque se fosse, seu impacto seria mínimo diante de um grande esforço necessário para a implementação e execução. O Instituto, com o Óleo Aqui, procura mobilizar não apenas os seus funcionários e comunidade empresarial local, mas também os moradores, que são tão responsáveis pelo desenvolvimento sustentável quanto às empresas (vale lembrar que anualmente são consumidos mais de 3 bilhões de litros de óleo).
Para se ter noção da nossa responsabilidade como pessoa física, o óleo jogado no ralo, mesmo em quantidade pequena, contamina milhares de litros de água, além de entupir as tubulações do esgoto, aumentando em 45% o custo do tratamento. E para se ter noção do impacto ambiental ao transformar óleo de cozinha usado em biodiesel, basta lembrarmos de todas as vantagens dele em relação aos combustíveis oriundos do petróleo.