Hoje vou escrever mais uma vez sobre institutos, fundações, e afins. Já disse aqui que muitos são criados para as empresas administrarem seus investimentos sociais estratégicos. Há outras razões para que a separação seja feita, mas isso tem mais a ver com questões de burocracia, afinal, fundações são entidades sem fins lucrativos. Mas enfim, o assunto aqui é outro e hoje vou falar de uma fundação que venho acompanhando os passos há algum tempo e simplesmente adoro: a Fundação Bunge.
A Fundação Bunge comemora neste ano 55 anos de existência e tem como foco a formação de educadores, a promoção do voluntariado corporativo e preservação da memória empresarial. Através de ações que contribuem para o desenvolvimento sustentável, a Fundação procura valorizar o ser humano como agente de transformação para a construção de uma sociedade que se preocupa não apenas com o seu bem estar, mas com o bem estar das futuras gerações.
Em minha opinião, uma das coisas mais significantes que aconteceram durante esses 55 anos de existência, foi a percepção que os gestores da fundação tiveram com a evolução do conceito até chegar na sustentabilidade. Em 1955 todas as ações sociais das empresas tinha o cunho filantrópico. Depois passamos pela responsabilidade social, que ainda é forte, e age para solucionar problemas. Mas também muita gente e muitas empresas pensando numa forma de evitar os problemas. Isso é sustentabilidade.
Ainda que o termo filantropia esteja muito associado às fundações, é possível pensar nelas de forma que a sustentabilidade seja aplicada. A Fundação Bunge faz isso atuando em três frentes de trabalho. Na frente socioambiental, seus programas visam estreitar a relação entre o homem e seu ambiente natural, social, econômico e cultural por meio de educação sustentável ou formação profissional voltada para a sustentabilidade.
Nessa frente há projetos interessantíssimos, como o “Comunidade Educativa” que, através do voluntariado corporativo, desenvolve educadores com o intuito de formar alunos cidadãos. Já no “Comunidade Criativa”, a Fundação promove ações para a formação de jovens profissionais que são fundamentas nos conceitos de desenvolvimento sustentável. A base do programa é a disseminação da economia criativa, que envolve o uso da criatividade humana e dos patrimônios culturais como instrumento de geração de renda.
No Centro de Memória Bunge, criado em 94, o objetivo da Fundação é reunir, tratar e disponibilizar o patrimônio histórico das empresas Bunge no Brasil. O Centro reúne documentos dos mais diversos tipos que contam a história de mais de 100 anos de história da empresa no Brasil e quase 200 anos de história no mundo. Num país em que a memória das pessoas geralmente se esvai em cinco anos, o valor cultural deste projeto é imenso.
A terceira frente de atuação diz respeito ao incentivo à excelência, que abrange prêmios e projetos de estímulo a novos agentes de transformação. O Prêmio Fundação Bunge foi criado lá no início, em 1955, como forma de incentivar a inovação e disseminação do conhecimento. É concedido anualmente e possui duas categorias: “Vida e obra” e “Juventude”.
Além do prêmio, a Fundação também apoia estudos e pesquisas voltados para o desenvolvimento sustentável no mundo. O objetivo é contribuir para inserir a empresa e o país no diálogo global sobre sustentabilidade. Como exemplo de pesquisa, em 2009 foi criado o projeto “Conhecer para Sustentar”, que, por conta das inundações ocorridas em Santa Catarina em 2008, objetiva compreender as causas de eventos climáticos e propor ações que promovam o equilíbrio entre a ação humana e a natureza.