terça-feira, 6 de abril de 2010

O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade corporativa

Muita gente se pergunta como surgiu a sustentabilidade, a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental dentro das empresas. A filantropia, o começo de tudo, é secular. Mais para década de 70 e 80 as empresas começaram a pensar em ações para mitigar impactos ambientais e sociais e iniciou-se então o que conhecemos hoje por responsabilidade social corporativa.

Nos últimos 10 anos a forma das organizações trabalharem as questões socioambientais mudou. É claro que estou falando de um panorama geral e no Brasil isso ainda está muito longe de ser efetivamente praticado. Mas o fato das organizações enxergarem oportunidades nesse meio fez com que a responsabilidade social se transformasse em sustentabilidade e entrasse no discurso e no planejamento estratégico das empresas.

Já escrevi aqui sobre a diferença entre responsabilidade social e sustentabilidade. Além das diferenças, a sustentabilidade corporativa está atrelada ao conceito de desenvolvimento sustentável lançado para o mundo no final dos anos 80, a partir de debates promovidos pela ONU no início da década. Na ocasião, a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, foi nomeada chefe da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

O objetivo da comissão, um grupo autônomo, era avaliar as questões de meio ambiente e desenvolvimento do planeta, formulando propostas realistas como solução aos problemas encontrados, assegurando que o progresso da humanidade acontecesse sem que a natureza entrasse em colapso. Esses debates acabaram, então, por gerar o famoso Relatório Brundtland ou Our Common Future.

O relatório, apresentado ao mundo em 1987, apontou a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes na época. O seu conteúdo já trazia um tom de alerta para que os governantes assumissem a responsabilidade pelos impactos ambientais e as decisões políticas que os originavam. Reparem: há mais de 20 anos já se falavam da irresponsabilidade de produção e consumo.

Citado pela primeira vez no Relatório de Brundtland, o termo desenvolvimento sustentável foi denominado como “a satisfação das necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Ainda segundo o relatório, uma série de medidas deveria ser tomada pelos países para a promoção do desenvolvimento sustentável, entre eles:

- Limitação do crescimento populacional;
- Garantia de recursos básicos em longo prazo (água, energia, alimentos);
- Atendimento das necessidades básicas;
- Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
- Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores.

Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável transformou-se em referência para diversas causas sociais e ambientais em todo o mundo, transcendendo sua amplitude política e governamental, atingindo o mundo corporativo. Tendo como foco as premissas do desenvolvimento sustentável, diversas empresas, hoje, utilizam o badalado triple bottom line para condução de seus negócios.

Além da conhecida base econômica, social e ambiental, os pilares da cultura e da política também estão inseridos no conceito de sustentabilidade corporativa. A ampliação do tripé tornou-se fundamental, uma vez que, em maior ou menor grau, novos fatores acabam por impactar a cadeia de valores das empresas, independente da área de atuação ou da natureza dos produtos.

Apesar de ainda não ser muito discutida, a importância da política e da cultura para a sustentabilidade é evidente. Quando se fala do aspecto político, estamos falamos da coerência entre o que é esperado e a prática adotada por uma organização, uma determinada sociedade ou mesmo um governo. É meio que a prática alinhada ao discurso. Uma empresa não é sustentável se adota uma política inflexível de negociação com os funcionários ou não acompanha a legislação ambiental vigente, por exemplo.

Já o aspecto cultural se refere a que tipo de sociedade a empresa está inserida, o comportamento, as limitações e suas peculiaridades. Com a globalização, as organizações multinacionais se proliferaram e estão em todos os lugares do mundo. Respeitar as diferenças e características locais é vista como vantagem competitiva e pode, dependendo do caso, até significar a sobrevivência em mercados regionais.

7 comentários:

Elaine Martins (laine) disse...

Olá Julianna

Parabéns pela excelente e completa abordagem sobre o tema. Este texto pode ser lido tanto por leigos, devido à cuidadosa contextualização, quanto por pessoas que já têm algum envolvimento com o tema.

Abçs,

Elaine Martins
br.linkedin.com/in/elainemartins
twitter.com/elainemartinsrp

Unknown disse...

"Invitation: Online debate on India-Brazil- South Africa (IBSA) Policy Dialogue Forum

In partnership with the Ideas for Development blog, the International Policy Centre for Inclusive Growth (IPC-IG) is launching an online debate that will contribute with inputs for the forthcoming IBSA Academic Forum, which will be hosted by IPC-IG on 12-13 April in Brasilia, Brazil.

We invite you to participate in this discussion and reflect about the following issues:
- What is the role of the emerging countries in shaping world politics?
- How can India, Brazil and South Africa strengthen cooperation in key issues on the global agenda?
- In which ways an improved policy dialogue among developing countries can contribute to the implementation of effective policies towards the achievement of inclusive growth and human development?

Join us at: http://www.ideas4development.org

We also invite you to visit the IBSA Academic Forum website, where
you can find interesting papers, resources and breaking news. Visit: http://www.ipc-undp.org/ibsa"

Unknown disse...

Convite: Debate online sobre a Forum de Dialogo Politico entre India-Brasil-Africa do Sul(IBAS.

Em parceria com o blog Ideas para o Desenvolviment, o Centro International de Politicas para Crescimento Inclusivo(IPC-IG)esta lancando um debate online que visa contribuir com ideas e sugestoes de para o Forum Academico do IBAS, que sera promovido pelo IPC-IG nos dias 12 e13 de Abril em Brasilia, Brazil.

Nos convidamos voce e seus leitores a participarem nas discussoes e refletirem sobre as seguintes questoes:

- Qual o papel dos paises emergentes no desenho da politica mundial?
- Como India, Brasil e Africa do Sul podem fortalecer sua cooperacao nas questoes consideradas fundamentais na agenda global?
- Em que maneiras um dialogo politico entre paises em desenvolvimento pode contribuir para a implementacao de politicas efetivas que tornem crescimento inclusivo e desenvolvimento humano em realidade?

Junte-se a nos no seguinte endereco: http://www.ideas4development.org

Nos tambem os convidamos a visitar o sitio do Forum Academico IBSA, onde voce podera encontrar artigos, noticias recentes e outras recursos relevantes. Visite: http://www.ipc-undp.org/ibsa

Camilanini disse...

Muito interessante esse post! Já está mais do que na hora dos discursos das empresas e dos governos começarem a ser colocados em prática. Hoje mesmo saiu uma matéria no Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,empresas-e-governo-descumprem-promessas-de-reflorestamento,573229,0.htm), falando que muitas empresas e governos dizem que vão plantar mudas de árvores para neutralizar o CO2 emitido em suas ações, mas que até agora foi feito pouco ou quase nada! Isso é muito triste.

Julianna Antunes disse...

Camila, obrigada por compartilhar o link. Acabei de escrever um post com base nele.

Unknown disse...

Quais são as suas referências bibliográficas? Você não as postou,como posso confiar nas informações deste texto?

Julianna Antunes disse...

A referência está no texto. Se você ler com atenção, verá que eu falo no relatório de brundtland. Ademais, isso é um blog, não um artigo científico. Se busca referências bibliográficas, aconselho a fazer uma busca sobre o tema da base da CAPES. Lá, certamente você encontrará o que precisa e com várias referências dignas de confiança.