Se falássemos há uns cinco anos a respeito de produtos sustentáveis, a galera do marketing logo diria que não passava de nicho, que era um mercado bastante restrito. Hoje a situação mudou. Ou melhor, a situação está se transformando. É claro que ainda não é o melhor dos mundos, especialmente porque no Brasil, um país super desigual e com salários muito baixos, o preço é o que mais influencia a decisão de compra.
Por diversas razões essa postura vem mudando, principalmente nas classes mais abastadas. Ainda não temos uma grande porcentagem da população pressionando as empresas para uma postura orientada para a sustentabilidade ou para a produção de produtos sustentáveis. Mas de qualquer forma, pelo menos no quesito consumo, a percepção está um pouco mais avançada.
Segundo o IBGE, 90 mil estabelecimentos declaram praticar a agricultura orgânica, o que representa 2% do total. Em estudo realizado pela Market Analysis, empresa catarinense de pesquisa de mercado, aproximadamente um em cada seis brasileiros residentes das grandes cidades do país compram regularmente produtos orgânicos (ao menos uma vez por semana).
Considero esses dados surpreendentes, pois tira o foco do preço na decisão de compra. E esse é um dos maiores entraves para a sustentabilidade, já que produtos com esse apelo geralmente são mais onerosos. É claro saber que o brasileiro está consumindo mais produtos orgânicos também não coloca apenas a sustentabilidade no centro da questão, pois um dos principais apelos dos produtos orgânicos é a saúde. Mas de qualquer forma é um avanço na nossa postura enquanto consumidor.
Outra informação muito interessante obtida na pesquisa se refere ao ponto de venda dos produtos orgânicos. Segundo Fabian Echegaray, diretor da Market Analysis, no passado a compra ocorria em feiras ecológicas, feiras de rua ou lojas especializadas. Hoje é cada vez mais comum a compra desses produtos em grandes redes de supermercado (77% dos consumidores).
Apesar da importância das informações, o resultado do estudo nos leva (pelo menos a mim) a uma série de outras questões mais profundas. Estamos de fato amadurecendo enquanto consumidores? Estamos realmente valorizando empresas que adotam postura sustentável? Estaremos dispostos a dividir a conta com as empresas por décadas e décadas de exploração predatória de recursos naturais, devastação de florestas, extinção de espécies etc? Deixo no ar as perguntas e quem souber a resposta, por favor, caixa de comentários.