Desde que comecei a escrever sobre sustentabilidade, procuro me focar na importância dela nos processos de uma empresa, no quanto impacta o negócio e no quanto pode proporcionar lucro, seja na forma de retorno financeiro, valor de marca ou reputação. Isso é apenas uma parte do chamado desenvolvimento sustentável e que, no final das contas, acaba afetando diretamente nossas ações no dia-a-dia.
Nesta semana em especial, o assunto mais falado no mundo inteiro é a COP-15. Eu, particularmente, acredito que a COP seria mais efetiva se envolvesse as empresas, afinal, elas são responsáveis por uma parcela considerável das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera (e se pensarmos em todo o ciclo de vida de um produto elas acabam sendo as maiores responsáveis). E mesmo que o encontro as contemplasse, a tomada de decisão viria pelas mãos dos governos lá presentes.
E é um pouco sobre isso que quero escrever: o papel dos governos na sustentabilidade. Potencialmente falando, o exemplo mais emblemático é o do Rio, que tem todos os problemas de uma metrópole mal planejada e vítima de constantes desmandos, mas que por conta de dois grandes presentes, é possível voltar a sonhar com dias melhores: a final da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Ao contrário do compasso de espera do Rio, muitas outras ações já vêm sendo feitas Brasil afora no que diz respeito à sustentabilidade na iniciativa pública. O município de São Paulo, por exemplo, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, criou o projeto Fábrica Verde, que tem como finalidade capacitar em jardinagem pessoas em situação de alta vulnerabilidade social e excluídas do mercado de trabalho residentes na região de Pinheiros.
O projeto já está em sua terceira edição é uma parceria entre a Secretaria, o Instituto Abril, a Cidade Escola Aprendiz e a Subprefeitura de Pinheiros (as edições anteriores contemplaram USP-Butantã e USP-Leste). Além da capacitação para o ofício, o projeto oferece bolsa-auxílio e aulas para formação de cooperativa, num casamento perfeito entre responsabilidade social, financeira e ambiental.
Outro exemplo vem por parte do Ministério do Planejamento, que assinou dois decretos estabelecendo critérios para instituição das chamadas compras verdes nos órgãos públicos federais. Não sei em que pé está isso, nem quanto estará em vigor, mas quando a medida se tornar obrigatória, será altamente impactante no país, já que prevê, quando cabível, que sejam realizadas compras certificadas, além de estabelecer especificações ambientais para os bens adquiridos e outras condições.
Já em Santa Catarina, desde 2006 as crianças das escolas públicas do estado recebem as chamadas merendas ecológicas, estimulando negócios entre pequenos produtores rurais de alimentos orgânicos e prefeituras de cerca de 40 municípios. Mais um belo exemplo de sustentabilidade, pois lida com alimentação saudável, geração de renda no campo, desenvolvimento local e proteção do meio ambiente.
Mesmo que ainda em pequeno número, nos últimos anos as iniciativas de sustentabilidade nos órgãos públicos se proliferaram e estabeleceram um círculo virtuoso em muitas cidades do país. Para que elas aconteçam em maior número, cabe a nós, eleitores, pressionarmos os governantes para mais projetos que envolvam o tema. E sem deixar de exigir o básico do básico: ética, transparência e honestidade. Vale lembrar que as eleições são ano que vem.