Começou hoje em Copenhage a tão falada COP-15, a Conferência das Partes, que tem como objetivo discutir questões relacionadas ao aquecimento global, além de tentar assegurar um compromisso firmado pelos países participantes. Durante muito tempo o encontro esteve fadado ao fracasso. De algumas semanas para cá, no entanto, os principais líderes mundiais se deram conta da gravidade do problema e vários deles anunciaram planos de redução de emissões no curto e médio prazo.
Para que tais planos sejam concretizados, há uma série de medidas a serem tomadas. Uma das discussões mais esperadas e polêmicas é a que se refere à Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação, ou simplesmente REDD (em inglês Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degration in Developing Countries). A polêmica do REDD se dá porque o mecanismo prevê compensação financeira a países em desenvolvimento para que estes preservem suas florestas.
O REDD tem papel protagonista na compensação do aquecimento global, já que o desmatamento é responsável por cerca de 20% do total de emissões anuais de gases do efeito estufa. Segundo especialistas, o volume é comparável às emissões de todos os países da União Européia e maior que as emissões globais de todo o setor de transporte, um dos mais impactantes.
Mesmo tentando compensar as emissões de outras formas, quando se fala em desmatamento, o nome do Brasil, infelizmente, vem à tona como um dos que mais desmata no mundo. Na década de 90, junto com a Indonésia, o país era responsável por 50% das emissões desse tipo. Hoje ocupamos o 4º lugar dessa lista, com China, EUA e Indonésia à frente.
O REED já está presente em diversos projetos piloto no mundo inteiro e as propostas de processos e financiamento para o futuro se dividem em três categorias: mecanismos de mercado, onde os países que reduzissem desmatamento ganhariam créditos que poderiam ser comercializados no mercado internacional; fundos governamentais, onde seria criado um fundo que receberia verba internacional e funcionaria nos mesmos moldes de programas de ajuda oficiais de países ricos a países pobres; e a terceira opção seria uma combinação das duas primeiras propostas.
A grande questão do REDD é a sua viabilidade. A ONU acredita que podem ser levantados até U$ 30 bilhões por ano para projetos em países em desenvolvimento. No entanto, a conta do aquecimento global é muito maior do que essa. Já se fala na necessidade de mais de US 100 bilhões anuais para pagar a conta. No que diz respeito ao comércio de créditos carbono, eles já existem e podem fazer com que empresas e países industrializados cumpram suas metas sem precisarem reduzir suas emissões.
Há diversos outros pontos críticos no REDD, como monitoramento, medição de emissões, propriedade da terra e corrupção. No entanto, é uma tentativa bastante válida. Sem contar que um acordo sobre o assunto dentro da COP-15 pode significar um verdadeiro ganho, já que o Protocolo de Kyoto é bastante restritivo nesse assunto ao não permitir a concessão de créditos para países que evitam o desmatamento. Levando-se em conta o nível crítico do problema, a implementação do REDD será um grande avanço, pois além de reduzir o desmatamento, vai punir financeiramente países e empresas que não se importam com a sustentabilidade.