Falando especificamente do Brasil, uma das maiores dificuldades para implementação da sustentabilidade no setor da construção civil, diz respeito à falta de iniciativas públicas de infra-estrutura, o que acaba elevando, e muito, o custo de uma casa ou um prédio sustentável. Como exemplo mais óbvio, há o fato de termos perfeitas condições climáticas para a utilização de energias limpas, como a solar e eólica, mas concentrarmos o investimento em outros tipos, como a termoelétrica e até mesmo a nuclear.
Além de uma certificação brasileira, foi criado em agosto de 2007 o CBCS, Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, que tem como objetivo induzir o setor da construção a utilizar práticas mais sustentáveis, melhorando a qualidade de vida dos usuários, dos trabalhadores e do entorno das edificações. O CBDS é composto por diversos comitês que tratam de assuntos específicos relacionados à sustentabilidade no setor, como materiais e finanças (além dos óbvios água e energia).
Mesmo com o custo ainda elevado e o tempo de retorno relativamente longo, o setor de construção sustentável já tem grandes iniciativas. No Rio de Janeiro, na Cidade Nova, o prédio da Universidade Corporativa da Petrobras é o primeiro prédio brasileiro de grande porte com certificação LEED . E o bom da onda de construção verde é que ela não atinge apenas grandes empreendimentos ou é demandada apenas por grandes empresas.
A construtora Vez das Árvores entregou no final de 2008 o primeiro prédio público sustentável de Santa Catarina, o posto da Polícia Militar e Ambiental da Praia do Rosa. Através da bioarquitetura, os responsáveis pelo projeto se focaram num design que aproveitou a ventilação natural, captação e aproveitamento da água da chuva, iluminação natural, telhado verde, painéis solares e tratamento de esgoto anaeróbico. Além disso, de olho na responsabilidade social, a empresa capacitou mão de obra local e se preocupou com a acessibilidade de toda população.
Não podemos esquecer que nos próximos sete anos a cidade do Rio de Janeiro, principalmente, se tornará um canteiro de obras por conta da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. É uma grande chance que temos não apenas para fazer o que é certo, mas também para criar infra-estrutura e cultura orientadas para a sustentabilidade. Até lá, espero que o custo não seja mais desculpa. Além disso, espero, também, que a atitude da população seja, no mínimo, mais respeitosa ao meio ambiente. Afinal, qual o sentido de morar numa casa sustentável e continuar desperdiçando água, energia e gerando grandes volumes de lixo desnecessariamente?
Links interessantes:
www.ecohabitararquiterura.com.br
www.vezdasarvores.com.br