sábado, 11 de julho de 2009

O perfil da área de sustentabilidade corporativa

Como é o perfil do profissional de sustentabilidade corporativa? Para se trabalhar na área basta conhecimentos técnicos (ISO 14001, ISO 26000, GRI etc) e competências comportamentais demandadas pelas empresas, como comprometimento, pensamento inovador, foco em resultados e afins? A resposta é simples: NÃO.

O profissional de sustentabilidade corporativa deve ter como a maior das competências, acima de qualquer conhecimento, a paixão pela causa. Não adianta pregar na empresa conceitos como processos ecoeficientes ou ações politicamente corretas, se na vida pessoal esse discurso não significa nada. É preciso encarar com muita responsabilidade o fato de ser um agente de transformação e um multiplicador de valores.

Do ponto de vista técnico, a área de sustentabilidade costuma ser bastante enxuta. Duas, três pessoas em sua maioria (incluindo o estagiário). Mas o ideal é que ela tenha perfil multidisciplinar, misturando profissionais de engenharia, comunicação, administração e ciências sociais. Se não for possível, os profissionais devem ao menos ter experiência generalista adquirida no negócio. É também fundamental interagir com todas as áreas, daí a importância do conceito estar bem difundido na empresa.

Como a área de sustentabilidade, desde a sua implementação, atua como um “suporte” aos processos, quanto mais projetizada ela for, melhor. Criar uma metodologia ou fazer uso das melhores práticas de gerenciamento de projetos é importante não apenas para assegurar a qualidade das entregas, mas também para que o custo não vá além do previsto. 

Alguns autores pregam que em uma empresa madura a sustentabilidade não deve ser uma área específica ou ter pessoas trabalhando nisso o tempo inteiro. Por estar atrelada ao planejamento estratégico, eles alegam que, com a maturidade, o conceito já vai estar naturalmente presente na forma de se conduzir os negócios.

Andrew Savitz, por exemplo, cita no livro “A empresa sustentável” a criação de um comitê voluntário composto por profissionais de diversas áreas. Algumas empresas já fazem isso, como a Light, do Rio de Janeiro. No entanto, o comitê não atua sozinho, mas sim em paralelo ao Instituto Light.

Olhando especificamente para o Brasil, o grande problema em ter a sustentabilidade corporativa apenas como um conceito intrínseco, é que, por enquanto, não passa de sonho distante. É uma etapa em que a grande maioria das empresas ainda está engatinhando, apesar de muitas propagarem o contrário. E isso se deve principalmente a duas causas: a influência do preço na decisão de compra e a não exigência de postura sustentável das empresas por parte da população.

3 comentários:

Thiago Machado disse...

Juliana, espero que escreva com bastante assiduidade, pois garanto me tornar um leitor permanente do seu blog. Primeiramente a parabenizo pela iniciativa. Acho importante tal espaço, principalmente para desmistificar a fábula da responsabilidade social. Venho estudando o assunto na área da Geografia, e te garanto que o geógrafo tem um papel bem importante nesse processo. Enfim, acredito que muito do que é dito pelas empresas não condiz com a realidade das ações, que muitas vezes, ao invés de interessadas no social, efetivam uma ação interesseira. Por isto tal discussão é essencial para que os "responsáveis" planejem de fato uma ação que responda aos interesses do lugar e da sociedade, e não os usando para a reprodução das vontades corporativas. Abraço e até breve!

Ana Luiza disse...

Juliana, adorei o post...eu ainda me sinto perdida no mercado de responsabilidade social e vc clareia um pouco minhas dificuldades!!continue escrevendo, adoro seus posts!!
Abraços,
Ana Luiza

Anônimo disse...

Olá... achei seu blog atraves do linkedin.
Estou adorando ler os posts..
Você escreve muito bem!
E esta me ajudando também a clarear as idéias..


Um abraço!

Carolina Braz
carol-braz@hotmail.com
@nanbiquara