Em qualquer área de negócio muito se fala da importância da vantagem competitiva e no quanto ela traz rentabilidade para a empresa. Sabendo que a globalização derrubou os muros e acirrou os mercados, estar um passo à frente da concorrência pode significar, em muitos casos, a própria sobrevida da organização. Mas qual o significado real disso tudo? Por que a sustentabilidade corporativa é vista como vantagem competitiva?
Na sustentabilidade, muitas ações ou atitudes que foram inovadoras do passado, e depois de benchmarking viraram moda, hoje servem de base para leis e regulamentações que tornam o mercado cada dia mais restritivo. Um exemplo disso surgiu essa semana, quando o vice-governador do Rio de Janeiro sancionou uma lei que proíbe o uso de sacolas de plástico nos supermercados.
É claro que a lei não será aplicada de um dia para o outro e que todos os estabelecimentos terão tempo para adaptação. Mas pensemos na diferença entre quem já vem estimulando o uso das chamadas ecobags e em quem não se atentou ou ignorou a tendência: custo de adaptação à lei, busca de novos fornecedores (ou necessidade de adaptação dos atuais), negociação por melhores preços... e por aí vai.
Outro exemplo é a regulação da EU ETS (European Union Emission Trade Scheme), comissão que trata do comércio de emissão de carbono na Europa. Sob a supervisão da EU ETS, empresas de diversos setores têm suas emissões de carbono monitoradas e limitadas. Quando esse limite é atingido, elas precisam comprar permissão para novas emissões. Resumindo: poluir está cada vez mais caro. Empresas que se preocuparam no passado com a ecoeficiência dos processos, hoje estão prontas para as imposições do mercado e ainda podem lucrar com a comercialização de créditos de carbono.
Já falei aqui sobre duas diretivas européias que entraram em vigor recentemente, limitando o uso de determinadas substâncias na fabricação de equipamentos elétricos/eletrônicos (RoHS) e responsabilizando o fabricante pelo tratamento dos resíduos e descarte do produto (WEEE). Além delas há a REACH (Registration, Evaluation, and Anthorization of Chemicals), que trata do registro, avaliação e autorização de uso de produtos químicos.
Se pararmos para pensar, apesar das diretivas dizerem respeito apenas ao mercado europeu, elas impactam toda a cadeia produtiva, que nos dias de hoje é global. E mesmo que o produto seja, por exemplo, 100% brasileiro, terá de estar em conformidade com as diretivas caso queira ser comercializado na Europa (mais informações sobre a conformidade, clique aqui). Vale ressaltar também que já existe uma série de restrições do tipo nos EUA, Japão, Austrália e até mesmo na China. A pergunta é: quanto custa se adequar a essas diretivas agora? E quanto custou para quem percebeu isso antes?
As empresas hoje, principalmente as que têm fábricas em países em desenvolvimento, devem ter em mente que levar a operação para locais onde a legislação é mais amena já não resolve mais o problema. Restrições ambientais e sociais são tendência do mercado. Estar pronta para elas é o mínimo que se espera para permanecer no jogo. Se antecipar a elas é ter vantagem competitiva. E independente do estágio em que as empresas se encontram, estar em conformidade com as regulamentações é pré-requisito para todos que queiram competir num mundo que não comporta mais os excessos cometidos no passado.